11.17.2013

Designer Wi-Fi (Article from Portuguese Computer Arts Nº 2)

 
A cada segundo que passa, existem milhares de pessoas a trocar e-mails e mensagens instantâneas, a conversar ao telemóvel, a gravar programas de televisão e a ouvir música nos leitores de MP3. Estes cenários só são possíveis, devido à evolução tecnológica e à forma como interagimos com os meios de comunicação. Esta nova fase levou a que as antigas máquinas criadas para fins científicos e utilizadas por investigadores, se tornassem em utilitários com interfaces digitais apelativas.




Ao longo dos anos, a linguagem entre o homem e a máquina tem sido caracterizada por algumas limitações tecnológicas, principalmente com a mudança das interfaces e com o aparecimento das primeiras experiências dinâmicas. Esta situação fez com que o utilizador tentasse transportar essa interface para fora do ecrã do computador. A partir daí, a interacção propriamente dita tornou-se num fenómeno social e ao mesmo tempo subjectivo, dependente da interpretação do utilizador.
Na década de 80, surgiu outra fase – a era digital. Estávamos perante a introdução do reconhecimento de voz, da realidade virtual e da visualização de dados. O resultou superou as expectativas com o aparecimento de soluções inovadoras: softwares educacionais, ambientes interactivos de aprendizagem e de jogos, simuladores, entre outros. É a partir desta altura que se sentiu a necessidade de envolver diversos tipos de conhecimentos para criar um produto digital. A integração de profissionais de áreas tão distintas como o Design, a Engenharia Informática, a Psicologia e a Sociologia, passou a ser uma prática comum.
Já nos anos 90, surgem outras tendências tecnológicas: a computação móvel, os infravermelhos e os sensores, que potencializaram a criação de aplicações ainda mais atractivas e funcionais.
Ao longo das últimas duas décadas, os Designers foram sendo confrontados com meios de comunicação cada vez mais integrados em contextos submersos em tecnologia. Esta situação alterou o rumo de muitos profissionais. Os que na altura estiveram atentos a esta mudança, rapidamente sentiram a urgência da alfabetização computacional, que se designa por compreender os novos códigos visuais do Design, e apostaram em competências diferentes, quer em termos profissionais e de formação.
Actualmente, estamos perante uma realidade diferente, a ligação entre a Engenharia Electrónica e o Design. Em conjunto, fazem com que sejam criados novos padrões de interacção que combinam soluções alternativas com as capacidades sensoriais das máquinas.
Na perspectiva do utilizador, a realidade passa por novos tipos de experiências online, como verificar e-mails e ver as novidades do Twitter ou do Facebook no iPad; Utilizar o telemóvel para ouvir Podcast; Fazer uma vídeo-conferência através do Skype; Consultar notícias em RSS (Really Simple Syndication); Ouvir música através de uma emissora Pandora (Serviço de Rádio pela Internet); E divertir-nos com os amigos através de jogos multiplayer online.
Perante estes cenários, o grande desafio para os Designers de hoje, e para os que ainda estão distantes destas realidades, é apostarem em conceitos visuais puramente dinâmicos. Como é de prever, os meios tecnológicos e os ambientes sociais vão convergir num terreno muito fértil para profissões atípicas como o Design e as diferentes Engenharias. O trabalho em equipas multidisciplinares nestas áreas é fundamental, pois, só assim, é possível implementar novas soluções interactivas e conhecer os seus utilizadores e em que circunstâncias eles manipulam a interface e as possíveis interpretações geradas a partir de diferentes níveis de conhecimento da máquina em si.
Como Designer, tenho de estar sempre atenta, esteja onde estiver, e a ligação ao mundo é imprescindível. Na óptica de quem prepara futuros Designers, alerto para a necessidade urgente da alfabetização digital, reconhecendo que, por outro lado, existe vontade em criar competências focadas no conhecimento tecnológico. Intuitivamente, a nossa forma de comunicar e interagir com as máquinas, irá potencializar no nosso país disciplinas de estudos recentes, como por exemplo o Design de Interfaces. Em suma, as novas tecnologias são as ferram.
 

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